terça-feira, 30 de junho de 2009

simplesmente, se ame em primeiro lugar (Y)

O que lhe deixa mais chateado?
Perder algo que se gosta? Perder alguém a quem se gosta? Não ter algo/alguém a quem se gosta? Errar? Acertar? Deixar de fazer/ se arrepender?
Enfim, temos inúmeros motivos para ficar chateados, tristes...
Ter alguém a quem se gosta, ou melhor, ter um amor platônico, acho que é o maior motivo para deixar as pessoas tristes/chateadas.
Como é difícil gostar de alguém, sem que essa pessoa saiba...
Como é difícil dizer “Eu te amo”
Mais difícil ainda é encarar o medo de contar, pois essa pessoa que pode ser sua amiga(o), pode não gostar e simplesmente se afastar.
São fortes, são lutadores as pessoas que alimentam esse tipo de amor. Como é difícil ver a pessoa com outro e não poder falar nada. Até um abraço se torna difícil, pois daquele abraço você não tem vontade de sair. A vontade de beijar, pegar pra si, ter aquela pessoa nos braços é cada vez maior.
Mas como você encara quando esta pessoa não está com você? Quando está com outra pessoa?
Da raiva né? É verdade, nos mordemos de ciúmes, mas calado, no canto, para que ninguém fique sabendo.
Por isso considero pessoas que amam desse jeito, pessoas fortes. Afinal, sofrer calado, não é pra qualquer um.
O pior de tudo é que muitas vezes, quando conseguimos conquistar o nosso amor platônico, vemos que não era bem aquilo que esperávamos, vemos que não foi tão “assim”.
E então perde a graça, o bom era quando não podíamos ter, agora que conseguimos, não tem mais graça.
Detalhe, acredito que quando isto acontece, se trata mais de uma paixão, uma atração física. Como eu disse acima, é muito difícil dizer “eu te amo”, mas é difícil quando realmente amamos a pessoa a quem queremos dizer. Hoje, o “eu te amo” é dito como se fosse virgula. Todos dizem a todos momentos.
Mas porque dizemos tanto? Acho que pela eterna busca pela pessoa perfeita, acabamos nos convencendo de que amamos muita gente, para aliviar a falta de um verdadeiro amor. Passamos a vida inteira em busca de um amor, uma alma gêmea, uma cara-metade , a metade da laranja.
Não tem mesmo jeito. No fundo, no fundo, todos nós nutrimos a fantasia de que em algum lugar deste pequeno planeta alguém está esperando, olhando para o mesmo céu e, sem nem saber que a gente existe, pensando em nós…
No grande banquete de filosofia do famoso filósofo Platão, está falando sobre o mito da alma gêmea.
Na história de Platão diz :
No início, a raça dos homens não era como hoje. Era diferente. Não havia dois sexos, mas três: homem, mulher e a união dos dois. E esses seres tinham um nome que expressava bem essa sua natureza e hoje perdeu seu significado: Andrógino. Além disso, essa criatura primordial era redonda: suas costas e seus lados formavam um círculo e ela possuía quatro mãos, quatro pés e uma cabeça com duas faces exatamente iguais, cada uma olhando numa direção, pousada num pescoço Redondo. A criatura podia andar ereta, como os seres humanos fazem, para frente e para trás. Mas podia também rolar e rolar sobre seus quatro braços e quatro pernas, cobrindo grandes distâncias, veloz como um raio de luz. Eram redondos porque redondos eram seus pais: o homem era filho do Sol. A mulher, da Terra. E o par, um filhote da Lua. Sua força era extraordinária e seu poder, imenso. E isso tornou-os ambiciosos. E quiseram desafiar os deuses. Foram eles que ousaram escalar o Olimpo, a montanha onde vivem os imortais. O que deviam fazer os deuses reunidos no conselho celeste? Aniquilar as criaturas? Mas como ficar sem os sacrifícios, as homenagens, a adoração? Por outro lado, tal insolência era perfeitamente intolerável. Então…O Grande Zeus rugiu: Deixem que vivam. Tenho um plano para deixá-los mais humildes e diminuir seu orgulho. Vou cortá-los ao meio e fazê-los andar sobre duas pernas. Isso com certeza irá diminuir sua força, além de ter a vantagem de aumentar seu número, o que é bom para nós. E mal tinha falado, começou a partir as criaturas em dois, como uma maçã. E, à medida em que os cortava, Apolo ia virando suas cabeças, para que pudessem contemplar eternamente sua parte amputada. Uma lição de humildade. Apolo também curou suas feridas, deu forma ao seu tronco e moldou sua barriga, juntando a pele que sobrava no centro, para que eles lembrassem do que haviam sido um dia. E foi aí que as criaturas começaram a morrer. Morriam de fome e de desespero. Abraçavam-se e deixavam-se ficar assim. E quando uma das partes morria, a outra ficava à deriva, procurando, procurando…Zeus ficou com pena das criaturas. E teve outra idéia. Virou as partes reprodutoras dos seres para a sua nova frente. Antes, eles copulavam com a terra. De agora em diante, se reproduziriam um homem numa mulher. Num abraço. Assim a raça não morreria e eles descansariam. Poderiam até mesmo continuar tocando o negócio da vida. Com o tempo eles esqueceriam o ocorrido e apenas perceberiam seu desejo. Um desejo jamais inteiramente saciado no ato de amar, porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse explicar, que seu anseio jamais seria completamente satisfeito. E a saudade da união perfeita renasceria, nem bem os últimos gemidos do amor se extinguissem.
Essa história fala de como um dia fomos um todo, inteiros e plenos. Tão poderosos que rivalizávamos com os deuses. Tão poderosos que rivalizávamos com os deuses. É a história também de como um dia, partidos ao meio, viramos dois e aprendemos a sentir saudades. E é a razão dessa busca sem fim do abraço que nos fará sentir de novo e uma vez mais, ainda que só por alguns momentos ,a emoção da plenitude que um dia, há muito tempo, perdemos. Não é à toa que aqui e ali, entre os chineses e os hindus, por exemplo, tenha florescido rituais, técnicas e filosofias, cujo objetivo era transformar a energia que nascia deste abraço em energia espiritual e fazer do sexo o caminho para o divino. Algo que, de fato, pudesse preencher o vazio de que somos feitos. Alguma coisa forte o bastante, para nos alçar de novo até o alto da montanha dos deuses.
Essa teoria de Platão explica então a nossa busca incansável pela pessoa a qual seria nossa outra metade.
Erramos onde pensamos que nossa outra metade seria um amor do tipo mais físico, homem e mulher. Nossa outra metade pode muito bem ser um amigo, um parente, afinal, a pessoa que nos faz nos sentirmos completos. Ou seja, amigos, parentes, ou até mesmo o amor entre homem e mulher, ambos nos fazem no sentirmos completos quando “é de verdade”.
Muitas vezes essa pessoa está do nosso lado, mas insistimos em olhar contra, não queremos enxergar, o que torna as coisas mais difíceis, quando queremos escolher com a cabeça a quem amar, mas no fundo, nosso coração já escolheu.
Devemos então tomar cuidado, quando estamos “amando” a pessoa que nossos olhos escolheu, muitas das vezes no entregamos, damos de tudo pela relação, mas no fundo descobrimos, que estamos fazendo os planos certos com as pessoas erradas.
Vamos aprender a olhar sem os olhos, e a pensar sem ser com o cérebro. Só assim um dia vamos encontrar a nossa outra metade. Mas nosso dever não é de ser feliz com essa outra metade, mas sim a fazer feliz, e para isso, é preciso primeiro ser apaixonado por si mesmo.

Um comentário:

Shamyle disse...

Eu ponho o amor em primeiro lugar. POr isso que penso mais em mim do que nas pessoas as vezes ¬¬ Isso me causa de vez em quando coisas que não resultam positividade. :/